Na mesma semana em que estreia mais um filme da Marvel, outra adaptação de uma BD chega aos cinemas portugueses. A Morte de Estaline, uma co-produção belga, francesa e britânica realizada por Armando Iannucci, aborda a situação vivida na União Soviética em 1953, quando Estaline faleceu após quase três décadas de poder absoluto, seguindo-se a luta das figuras da cúpula do regime comunista (Beria, Molotov, Malenkov, Khruschev, etc.) pela sucessão. Apesar da violência e dramatismo ligados ao tema, cedo se percebe que vamos assistir a uma sátira política corrosiva. O arranque da obra roça o brilhantismo ao expressar o clima de terror vivido numa URSS onde Estaline, aqui retratado como pouco mais que um labrego, possui a liberdade de ordenar a morte de qualquer súbdito e os seus cortesãos evitam com mil cuidados desagradar ao “Pai dos Povos”. Ainda antes do ditador soltar o último suspiro, arranca uma corrida ao poder na qual vale tudo.
Recheada de humor negro, a comédia de Iannucci integra-se na categoria de filmes empenhados em rir dos vilões da História, ao ridicularizar o sistema soviético limitando-se a mostrá-lo tal como era. Os candidatos a novos senhores do Kremlin não passam de tipos patéticos e desprezíveis sem qualquer respeito pela vida humana. Um elenco eficaz, com destaque para as actuações de Steve Buscemi (Khruschev) e Simon Russell Beale (Beria), ajuda a sublinhar o carácter absurdo e repugnante de tudo o que se passa. No entanto, as constantes trocas de insultos e obscenidades entre os dirigentes do PCUS, inicialmente divertidas, tornam-se cansativas à medida que o tempo passa e fazem desejar uma abordagem mais subtil que a mera acumulação de fucks. Numa história dominada por homens brutais, as personagens femininas, como Svetlana Estaline (Andrea Riseborough) ou a pianista interpretada por Olga Kurylenko, parecem vindas de outro filme e dão a entender uma profundidade nunca explorada por Iannucci, por vezes hesitante quanto ao tom a adoptar.
Mais do que a atacar o comunismo, A Morte de Estaline delicia-se a mostrar que, por trás da grandiosidade da propaganda, as ditaduras são feitas de jogos de poder mesquinhos e personagens grotescamente vulgares. Só é pena que um conceito adequado a sketches como os dos Monty Python (representados no filme por Michael Palin) acabe por parecer limitado e repetitivo numa longa-metragem.
Um filme para… Imaginar qualquer ditador todo-poderoso em cuecas.
Prestes a completar quatro anos de vida, o jornal digital Observadortem transformado a sua presença exclusiva na Internet numa vantagem importante. Desde logo, a empresa jornalística da Rua Luz Soriano não gasta dinheiro a fazer edições em papel (à excepção das revistas anuais lançadas desde 2016) que poucos ainda compram. Além do Observador se manter em constante actualização, não possui as limitações de acesso presentes noutros sites noticiosos e, apesar de tudo, a publicidade não provoca demasiada morosidade na navegação. Os artigos de opinião são bastante propícios a gerar partilhas nas redes sociais, quer por parte de leitores que concordam com o Observador quer através daqueles que encontram nele abundante material para criticar e satirizar. Alguns conteúdos do jornal, como os vídeos protagonizados pelo publisher José Manuel Fernandes, resultam particularmente bem no Facebook. Link após link, comentário após comentário, o projecto alcança um público de dimensão muito superior àquele que se identifica com a agenda do site.
Agenda? Qual agenda? Num texto de apresentação escrito no arranque do jornal electrónico, em Maio de 2014, e republicado na revista comemorativa do segundo aniversário, José Manuel Fernandes, um dos fundadores do Observador (juntamente com o historiador Rui Ramos, o empresário António Carrapatoso e o advogado Duarte Schmidt Lino), garante que este não tem “outra agenda que não seja a do interesse público”, mas destaca que o órgão de imprensa acredita “na liberdade tal como é vivida no Ocidente” e, numa definição “necessariamente simplista”, situa-se no espaço “que vai da esquerda moderada e mais liberal à direita democrática”. Ou seja, apoiantes da Geringonça não entram. De facto, apesar da colaboração de Jaime Gama e mais alguns socialistas, o Observador assume-se sem grandes rodeios como um jornal de direita, algo raro no quadro actual da imprensa portuguesa. A notável homogeneidade de pensamento do painel de comentadores contribui para reforçar essa imagem pública do projecto.
Nos anos de 1975 e 1976, além da dura luta entre os partidos pelo controlo dos jornais nacionalizados, verificou-se o aparecimento de diários e semanários de todas as tendências políticas. Um dos mais duradouros, O Diário, para o qual Ary dos Santos criou o slogan “A verdade a que temos direito”, espelhou até 1990 o universo do PCP, enquanto projectos como o maoista Voz do Povo (berço jornalístico do publisher do Observador) ou os socialistas A Luta e Portugal Hoje tiveram vida curta. O único sobrevivente actual da imprensa engagé dos anos 70, além dos jornais partidários, é o semanário de extrema-direita O Diabo, detentor de recursos cuja proveniência constitui um mistério por resolver. Em 1988, irrompeu no panorama jornalístico O Independente, que, sob a batuta de Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso, fustigou o cavaquismo através de sucessivos escândalos e serviu de trampolim ao PP de Portas, mas a ida deste para a política, acompanhada pela retirada estratégica de Cavaco Silva, empurrou o semanário rumo ao lento desaparecimento. Outro projecto com orientação definida foi a revista mensal Atlântico, publicada entre 2005 e 2008 e cujas páginas revelaram novos colunistas liberais e conservadores depois presentes no Observador e noutros media. Em resumo, o público português pareceu durante décadas ser pouco apreciador de jornais e revistas dedicados a convencê-lo das vantagens de uma dada corrente política, antes do Observador procurar romper com a tradição.
No livro Da Direita à Esquerda (2016), António Araújo diferencia O Independente do Observador ao considerar que este “não visa um projecto político de tomada do poder” e procura sobretudo proporcionar um “espaço de afirmação de uma cultura de direita”. Recentemente, Miguel Pinheiro, director executivo do Observador, negou de forma indignada as acusações de que a cobertura noticiosa empreendida pelo projecto online serviria determinados interesses partidários. Na verdade, essas alegações de parcialidade existem desde a fundação do jornal, visto frequentemente não como um mero órgão de imprensa, mas como um ser político dotado de vida própria, a “direita inorgânica” referida por António Costa. Ao longo de quatro anos, o caminho do Observador passou pelo apoio ao Governo de Passos Coelho (a grande referência política dos colunistas do jornal digital), pela oposição inflexível a Costa e aos seus aliados e, após a vitória de Rui Rio nas directas do PSD, por uma marcada hostilidade ao antigo autarca do Porto. Esta estratégia dominou as colunas de opinião e influenciou nitidamente os conteúdos de carácter informativo. Na actualidade, quando alguém quer saber aquilo que a direita portuguesa faz e pensa, não precisa de gastar tempo a ouvir os políticos de PSD e CDS, limitando-se a ir ao Observador ler as últimas crónicas e notícias.
É salutar que o Observador assuma ao que vem e ponha todas as cartas na mesa, distanciando-se da suposta imparcialidade utilizada por vários jornais portugueses para ocultar “truques” e manipulações. O combate cultural travado pelo órgão da Luz Soriano tem igualmente estimulado um maior debate e uma crescente definição ideológica quer à direita quer à esquerda. Apesar disso, o projecto de Ramos, Fernandes e Carrapatoso, entre outros, integra-se numa tendência internacional perigosa, de acordo com os exemplos de países como os EUA e o Brasil. Se cada órgão mediático segue uma orientação política própria, dotada de temas e linguagens específicos, e dirige-se sobretudo aos cidadãos/consumidores que partilham essa visão da realidade, o debate público perde gradualmente um espaço comum, repartindo-se por pequenas comunidades hostis entre si. Ao fim de algum tempo, sem uma base factual comum a partir da qual se faça a análise, os grupos adoptam narrativas inconciliáveis e a informação torna-se uma arma de arremesso. Entretanto, a possibilidade de acusar qualquer jornalista de obedecer a um certo interesse político ou económico leva ao descrédito da comunicação social, mesmo quando esta apresenta notícias verdadeiras, classificadas como mentiras por quem se vê incomodado por elas. Apesar de um cenário destes ainda não se adaptar totalmente ao caso português, a desconfiança presente na relação entre o público e os media nacionais não augura nada de bom.
Há algum exagero na preocupação dos adversários do Observador (nomeadamente Pedro Marques Lopes, esse anjo caído da direita) com o impacto político do jornal electrónico, até porque a direcção e administração deste, à semelhança das restantes cúpulas mediáticas portuguesas, influenciam a opinião pública muito menos do que pensam. No entanto, se a comunicação social do futuro seguir o caminho do Observador, a qualidade da democracia está em causa. Repare-se que não pretendo uma imprensa totalmente plural e imparcial, até porque tal seria impossível, mas apenas jornais heterogéneos onde a opinião e a informação estejam separadas de forma clara. Deixem os leitores fazerem a sua própria interpretação da actualidade. A sério, nós chegamos lá sozinhos.
A estátua de um leão a rugir colocada em 2017 na nova rotunda entre o Estádio Alvalade XXI e o Pavilhão João Rocha ergue-se sobre um pedestal com quatro faces, alusivas ao lema do SCP (“Esforço, dedicação, devoção e glória”) e preenchidas pelo emblema do clube e por duas frases. A primeira destas foi proferida por um dos fundadores do Sporting, José Alvalade, enquanto a segunda, gravada na face relativa à “Glória”, pertence a Bruno de Carvalho, o presidente leonino responsável pela inauguração da obra. Se a escultura permanecer intacta daqui a 30 anos, nessa altura o nome de Bruno e a sua (banal) frase continuarão imortalizados no monumento. Esta situação dá a entender três coisas. Primeiro, uma confusão bizarra entre a instituição Sporting Clube de Portugal e o indivíduo que a preside, o qual já se serviu de meios do clube para divulgar notícias da sua vida pessoal. Segundo, a afirmação implícita de que Alvalade e Carvalho, separados por um século, são as duas principais figuras da história da colectividade lisboeta. Por fim, um prenúncio desagradável para os “leões”: enquanto José Alvalade simboliza o início do Sporting, Bruno de Carvalho pode ser o protagonista do fim do clube.
Tal como os ditadores europeus do período entre guerras, Bruno de Carvalho chegou ao poder num ambiente de caos e desespero. No início de 2013, o SCP atravessava a mais grave crise financeira e desportiva da sua história e tinha-se convertido num objecto de pena dos rivais. Perante este cenário, a promessa brunista de tornar o Sporting grande outra vez não poderia deixar de agradar aos sócios “verdes e brancos”. O vocabulário pouco cortês (digamos assim) de Bruno gerou indiferença na maioria do universo leonino, influenciado pela irracionalidade crescente associada ao futebol português, pela memória dos presidentes discretos e polidos que conduziram o emblema de Alvalade ao fracasso, pelo gosto por líderes que batam forte nos adversários e pela naturalidade com que “o novo Rei Leão” mantinha o seu discurso agressivo e, através da repetição, conseguia normalizá-lo. O sobrinho-neto de Pinheiro de Azevedo garantiu o apoio das massas através de vários êxitos, entre eles a regularização das finanças do clube (embora existam dúvidas sobre a responsabilidade exclusiva de Bruno de Carvalho no saneamento financeiro, o certo é que foi o actual presidente do SCP a recolher todos os louros), a construção do Pavilhão João Rocha, a remodelação profunda do museu sportinguista, os troféus conquistados pelas modalidades e a melhoria dos resultados da equipa principal de futebol, embora falte ainda aos “leões” o título de campeão nacional, que certamente daria a Bruno o poder vitalício.
Apesar de pouco comum na história do Sporting, a liderança carismática exercida por Bruno seguia a inspiração óbvia do exemplo de Pinto da Costa, visível em traços como o protagonismo mediático do presidente, agora sentado no banco de suplentes e não na tribuna, o ataque frequente à comunicação social, o apelo à emoção e à teatralidade, a criação e escalada de um clima de guerra permanente entre o clube e os outros “grandes” (apesar de alianças episódicas com os inimigos de ontem) ou a resistência a supostas forças ocultas e poderosas. Ao olharem para o passado, tanto Jorge Nuno como Bruno promoveram o revisionismo histórico, no primeiro caso relativamente à data de fundação do FCP e no segundo a propósito da contabilização dos Campeonatos de Portugal, enquanto realçavam o carácter excepcional das suas próprias presidências, consideradas momentos de ruptura gloriosa com anteriores fases de declínio. Da mesma forma, ambos estimularam o culto da personalidade e a identificação entre clube e presidente. No entanto, enquanto Jorge se apoiou num vasto palmarés futebolístico, fruto das suas inegáveis capacidades directivas, para assumir um estatuto quase inabalável e matar à nascença qualquer contestação interna, Bruno revelou uma menor habilidade para os jogos, quer no relvado quer nos bastidores, e, movido pela sua personalidade tão especial, adoptou a via da força bruta e de uma tendência totalitária.
O paralelismo entre a extrema-direita e o regime brunista passa, em primeiro lugar, pela recusa do direito do adversário interno a existir. A dissidência, mais do que contestada, é apresentada como uma aberração, na medida em que criticar o líder, personificação e intérprete exclusivo do interesse do colectivo (neste caso, da nação sportinguista), significa trair o próprio grupo e auto-excluir-se deste. O dissidente, ou “sportingado”, coloca-se assim do lado do inimigo, devendo ser tratado como tal, inclusive através da violência. Ao mesmo tempo, as massas, para não se desviarem do caminho certo, têm de ser protegidas das “mentiras” difundidas pela informação não controlada pelo poder e educadas no pensamento único, expressão da verdade indiscutível ligada à homogeneidade da Nação, cujos interesses sobrepõem-se às preferências individuais dos seus membros. O sistema deve ser totalmente controlado pelo poder executivo e unipessoal do chefe, sem os limites representados por órgãos colectivos e pluralistas (como o Conselho Leonino), destinados à extinção ou a um papel decorativo. Caso os subordinados do chefe falhem no cumprimento das missões por este confiadas, não devem ser perdoados, mas antes denunciados como traidores incapazes de sentir a pertença ao grupo e desprovidos da pureza e dedicação necessárias para levar o colectivo à vitória. Evidentemente, quando esta for atingida, todos se devem remeter à obscuridade de modo a que apenas o líder, verdadeiro artífice do sucesso, brilhe e seja louvado. Aplicar esta descrição ao Sporting pode parecer exagerado, mas a última assembleia-geral dos “leões” terminou num ambiente de tal forma assustador que, se Jaime Marta Soares gritasse “Heil Bruno!” e os restantes sócios repetissem a frase em uníssono, ninguém acharia estranho.
Enquanto o FC Porto é governado por uma monarquia e o Benfica constitui uma democracia minada pela corrupção, o Sporting está a tornar-se um regime fascista, à medida que o estilo de liderança de Bruno de Carvalho se assemelha cada vez mais às práticas de Donald Trump e de outros líderes autoritários e populistas actualmente a surgir um pouco por todo o mundo. De resto, caso as notícias sobre as ameaças da Juve Leo a vários jogadores do plantel sejam verdadeiras, Carvalho dispõe já de uma polícia política ao seu serviço. Todavia, Bruno deixou-se deslumbrar e adquiriu uma concepção exagerada do seu poder. O presidente “verde e branco” terá realmente acreditado que todos os comentadores adeptos do SCP deixariam de imediato a televisão após a ordem do líder, enquanto os futebolistas repreendidos no Facebook limitar-se-iam a comer e calar. As várias reacções de insubmissão continuam a deixar o marido de Joana Ornelas pasmado. É cedo para saber se o brunismo sobreviverá a este abalo, mas a revolta de muitos adeptos do Sporting aumenta a esperança na resistência da democracia perante a ameaça autoritária, mesmo na escala reduzida de um clube desportivo.
P.S. Entretanto, Bruno e Jaime entraram em colisão. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Acreditar que a política serve para melhorar a vida das pessoas: Milk (2008)
Apreciar o trabalho de actores de alto nível: O Caçador (1978), Kramer Contra Kramer (1979)
Aprender com Kubrick que nunca se deve confiar nos militares: Horizontes de Glória (1957), Dr. Estranho Amor… (1964), Nascido para Matar (1987)
Compreender que o cinema de acção dos anos 80 possuía uma ingenuidade hoje impossível de replicar: Rambo – A Vingança do Herói (1985), Comando (1985), Desaparecido em Combate 3 (1988)
Concluir que às vezes o importante não é a história, é a maneira como ela é contada: A Rede Social (2010)
Confirmar que o Mal pode ser bastante atractivo: Tudo Bons Rapazes (1990)
Defender a eutanásia: Million Dollar Baby (2004), Mar Adentro (2004)
Deixar Tarantino mostrar como teria sido tão divertido se tivesse sido assim: Sacanas sem Lei (2009), Django Libertado (2012)
Desfrutar da faceta mais disparatada de James Bond: 007 – Aventura no Espaço (1979)
Entender a ideia cristã de conversão: Gran Torino (2008)
Gozar a delícia do puro disparate: Um Tiro às Escuras (1964), O Inimigo Público (1969), Aeroplano (1980)
Manter a esperança na inteligência humana: Os Condenados de Shawshank (1994)
Não ter saudades nenhumas da Guerra Fria: Amanhecer Violento (1984)
Observar Jim Carrey na versão cartoon humano: O Mentiroso Compulsivo (1997)
Pensar “Se não fosse o Charlie Sheen, isto seria perfeito”: Platoon – Os Bravos do Pelotão (1986)
Perceber como se faz má comédia: Date Movie (2006), Ano Um (2009)
Recordar o PREC: Bom Povo Português (1980)
Resistir à opressão: Clube dos Poetas Mortos (1989)
Rir dos vilões: O Grande Ditador (1940), Capitão Falcão (2015)
Sentir um sabor de oportunidade desperdiçada: Capitães de Abril (2000), Assalto ao Santa Maria (2009)
Ser enganado com toda a classe: Os Suspeitos do Costume (1995), Em Parte Incerta (2014)
Sorrir depois de imenso sofrimento: Magnólia (1999)
Temer o que está próximo (e ver o lado tarado de Hitchcock): Os Pássaros (1963)
Ter saudades de Eddie Murphy: Os Ricos e os Pobres (1983)
Ver Denise Richards no seu auge bombástico: Ligações Selvagens (1998), Linda de Morrer (1999)
Verificar que uma boa ideia humorística pode não aguentar um filme inteiro: A Invenção da Mentira (2009)