“Desporto Novo num País Novo: A política desportiva no pós-25 de Abril (1974-1978)”. Este é o título de um projecto de investigação que ainda não existe, mas poderia existir. De facto, uma das lacunas da história do desporto em Portugal encontra-se nos anos da Revolução e da estabilização da democracia, quando, no meio do turbilhão de acontecimentos dessa época, os vários governos assumiram o objectivo de expandir a difusão da prática desportiva entre a população. Em simultâneo, a imprensa e bibliografia desportivas transmitiam um discurso fortemente politizado e marcado por clivagens ideológicas, na medida em que os diferentes projectos de regime e sociedade ligavam-se a concepções opostas do desporto e dos objectivos deste. No entanto, os estudos e testemunhos disponíveis acerca do desporto português nos períodos revolucionário e pós-revolucionário são bastante escassos.
À frente da Direcção-Geral dos Desportos (integrada no Ministério da Educação) entre 1974 e 1976, Alfredo Melo de Carvalho (visível na fotografia abaixo) foi o principal rosto da política desportiva tutelada pelos Governos Provisórios e do pensamento teórico que a suportava, também desenvolvido por autores como Manuel Sérgio e Arnaldo Pereira. Melo de Carvalho e a sua equipa de professores de Educação Física em comissão de serviço na DGD procuraram romper com o panorama desportivo herdado da ditadura, que consideravam elitista, alienatório e antidemocrático. A massificação do desporto, então praticado por uma reduzida minoria dos portugueses, deveria realizar-se através do apoio estatal aos pequenos clubes e a uma rede de núcleos das várias modalidades animados por voluntários e em ligação com as estruturas locais de “poder popular” (comissões de moradores e trabalhadores, conselhos de aldeia, etc.). Perante a escassez de verbas públicas disponíveis para a construção de pavilhões, piscinas e outras estruturas, incentivou-se a improvisação e o recurso a equipamentos básicos erguidos pelas próprias populações. O desporto, além de constituir um “direito do povo”, não seria um fim em si mesmo, mas uma forma de estimular a consciencialização política e a capacidade de auto-organização dos cidadãos. Estes princípios tinham por modelo a política desportiva de países “socialistas” como a RDA, a URSS ou Cuba, com os quais Portugal estabeleceu acordos de intercâmbio desportivo, e ficaram associados sobretudo ao PCP e a partidos satélites deste (FSP, MDP/CDE).
O discurso da DGD de Melo de Carvalho, apoiado por responsáveis governamentais como António Silva Graça (secretário de Estado dos Desportos entre Agosto de 1975 e Julho de 1976), deixava clara a condenação do profissionalismo desportivo e uma profunda desconfiança relativamente aos clubes “grandes” envolvidos no futebol profissional. A aposta nos núcleos de voluntários e nas pequenas colectividades visaria criar uma orgânica paralela ao desporto federado, cujos dirigentes entraram em confronto com o departamento estatal. O contexto posterior ao 25 de Novembro estimulou as críticas às iniciativas da DGD, acusada de partidarização e de criar uma massificação superficial, apesar da profusão de estatísticas oficiais relativas à participação de milhares de crianças de todo o país em programas como o Movimento do Desporto Infantil (MODI). Após a tomada de posse do I Governo Constitucional, formado pelo PS em Julho de 1976, verificou-se uma mudança de responsáveis na tutela do desporto, através da substituição de Melo de Carvalho e dos técnicos da DGD. Ao receber em S. Bento as direcções de Benfica, FC Porto e Sporting, o primeiro-ministro Mário Soares deu a entender uma nova relação de colaboração entre o Estado e os clubes e federações, considerados o meio natural para a expansão da prática desportiva. A estratégia dos primeiros governos constitucionais, prosseguida sem grandes alterações pelos executivos seguintes, conduziu a uma menor intervenção estatal no desporto, longe do espírito revolucionário da fase entre 1974 e 1976.
As fontes para o estudo deste tema incluem os numerosos livros, brochuras e periódicos editados e distribuídos pela DGD a partir de 1975, além, obviamente, da imprensa desportiva da época. Dentro desta, assume especial interesse o caso de A Bola, um trissemanário onde jornalistas próximos do PCP (Vítor Santos, Carlos Pinhão, Homero Serpa, Vítor Serpa, etc.), do PS (Carlos Miranda) ou da direita (Alfredo Farinha) promoveram nas suas colunas de opinião um debate aceso quanto ao rumo a seguir pelo desporto português. A relevância então atribuída ao tema comprova-se também pela sua presença assídua nos jornais generalistas. O Diário, controlado pelo PCP, publicou a partir de Janeiro de 1976 numerosos artigos na sua secção desportiva, inicialmente de apoio à política de Melo de Carvalho e Silva Graça e mais tarde de crítica à inversão de rumo empreendida pelos governos socialistas. Outros periódicos de todas as tendências ideológicas analisaram igualmente, no período em causa, a evolução da política desportiva, abordada nos programas de governo e em vários documentos partidários.
O problema é que, neste caso, transcrever aquilo que vem na imprensa, dominada por narrativas opostas, não chega para compreender o que aconteceu. Importa conhecer de que maneira o discurso das entidades oficiais e dos teóricos do desporto se traduziu no quotidiano, tornando-se difícil fazê-lo sem o estudo de casos particulares e a realização de entrevistas aos intervenientes no processo. Para lá dos responsáveis políticos, estes incluiriam, entre outros, técnicos, animadores, dirigentes, jornalistas e participantes nos eventos do “desporto popular” dinamizados após o 25 de Abril. No entanto, como seria possível identificar essas pessoas, contactá-las e recolher os seus depoimentos? Da mesma forma, o arquivo da DGD, à guarda do Ministério da Educação, apenas está disponível para consulta, pelo que sei, no que respeita à documentação anterior a 1974. Existe ainda a dificuldade de conciliar, no relato desta “história”, elementos teóricos e práticos, locais e nacionais, políticos e desportivos, efémeros e estruturais. Apesar do conteúdo aliciante do tema, as questões e problemas acumulam-se e originam dúvidas acerca da possibilidade de eu estudar a política desportiva seguida entre 1974 e 1978. Alguém aí pode ajudar-me a decidir?
A RTP tem apresentado várias séries de ficção histórica centradas em períodos do passado recente e com um olhar focado no quotidiano dos portugueses da época abordada. Conta-me Como Foi (marcelismo), Depois do Adeus (PREC) e, num estilo diferente, Os Filhos do Rock (início dos anos 80) mostraram personagens envolvidas num contexto distante, mas ainda reconhecível por muitos espectadores. O avanço temporal da ficção da RTP atingiu 1986, ano no qual decorre a acção da série homónima criada por Nuno Markl e produzida e realizada por Henrique Oliveira, ex-guitarrista dos Táxi. Logo a seguir à estreia na RTP1, a série foi disponibilizada na íntegra no RTP Play, onde os conteúdos da rádio e televisão públicas ganham maior alcance e durabilidade.
A série escrita pelos irmãos Nuno e Ana Markl e por Filipe Homem Fonseca, com Joana Stichini Vilela como consultora histórica, visa em primeiro lugar espectadores da geração da Caderneta de Cromos, a antiga rubrica radiofónica de Nuno Markl dedicada às recordações de infância e adolescência daqueles que, à semelhança do humorista, andavam por volta dos 15 anos quando Mário Soares e Freitas do Amaral disputaram a segunda volta das eleições presidenciais de 1986. Para alguém mais novo como eu (nessa altura, tinha apenas um ano de idade), chega a ser difícil acompanhar o turbilhão de referências à cultura pop da década de 80 disparadas em 1986 a um ritmo por vezes forçado. No entanto, a série vai muito além da nostalgia do “eh pá, lembro-me tão bem”, ao apresentar diálogos divertidos, uma história bem construída e personagens consistentes. Vemos os jovens e adultos envolvidos em situações risíveis e embaraçosas, mas também ficamos a saber as razões na origem dos seus comportamentos. Mais uma vez, Nuno Markl parte do seu universo pessoal e subjectivo para chegar a um público vasto capaz de se identificar com uma tragicomédia tão semelhante à vida.
Relativamente ao confronto Soares/Freitas (ou “Soares É Fixe”/“Prá Frente Portugal”), a série não analisa por aí além as diferenças entre os dois políticos, centrando-se sobretudo na disputa verdadeiramente clubística que dividiu o país no início de 1986, quando as opções políticas dos cidadãos tinham uma forte componente identitária ainda marcada pelas memórias da ditadura e da Revolução. Os actores Adriano Carvalho e Gustavo Vargas representam a oposição esquerda-direita de forma tão caricatural quanto convincente. Sob o pano de fundo da campanha eleitoral, decorrem as peripécias do dia-a-dia dos adolescentes interpretados por Miguel Moura e Silva, Laura Dutra, Miguel Partidário, Eva Fisahn e Henrique Gil (respectivamente, o geek, a betinha, o metaleiro, a gótica e o bully). É cedo para dizer se estamos perante os Ruys e Eunices do futuro, mas o trabalho dos membros do elenco de 1986 está bem acima da média dos jovens actores das novelas da TVI. A eficácia da realização de Henrique Oliveira e a qualidade da banda sonora, tanto a do (primeiro) tempo do vinil como a composta na actualidade por João Só, Miguel Araújo e outros músicos, contribuem para que a série se torne tão viciante como a canção do genérico.
Parece estar ainda em cima da mesa a possibilidade da RTP satisfazer o desejo de Nuno Markl e avalizar uma segunda temporada, agora passada no Verão de 1986. O certo é que 1986 pode já ser considerada uma das melhores séries feitas na televisão portuguesa durante a actual década e revela uma habilidade rara para combinar o sério e o cómico, o efémero e o intemporal, a paródia e a originalidade, mostrando como o país inteiro pode rever-se num pequeno grupo de jovens de Benfica. Em resumo, 1986 é fixe.
Celebrizado como jornalista de imprensa e televisão, Miguel Sousa Tavares (n. Porto, 1950) é actualmente conhecido dos portugueses por várias facetas. Uma delas, a de portista ferrenho, está na origem de uma coluna semanal de Sousa Tavares no diário A Bola, onde tem feito prognósticos futebolísticos notavelmente falhados. Ao mesmo tempo, Miguel analisa a política nacional e internacional em espaços na SIC e no Expresso e assume-se como um dos poucos comentadores realmente independentes, capaz de dizer o que pensa sem se preocupar com quem vai ficar chateado (nesse sentido, é uma espécie de anti-Marques Mendes). Em 2003, depois de algumas tentativas, Tavares iniciou-se definitivamente como ficcionista ao lançar o romance Equador, um fenómeno de vendas hoje irrepetível que marcou um antes e um depois no mercado literário português. Nos últimos anos, sem ideias para novos romances, MST tem apostado na não-ficção, área na qual lança agora uma obra autobiográfica, Cebola Crua com Sal e Broa. O título refere-se ao prato que o jovem Miguel comia deliciado em “todas as merendas” durante o feliz ano e meio passado na Quinta do Carvalhal (Amarante), para onde os pais, Francisco de Sousa Tavares e Sophia de Mello Breyner Andresen, o enviaram em 1956.
A escrita de Cebola Crua… orienta-se pela preocupação do autor em registar episódios vividos num período entre a ditadura e os anos 90, quando Miguel Sousa Tavares trocou a RTP (onde aprendeu a detestar empresas públicas) pela recém-nascida SIC. No entanto, surgem também numerosos factos recentes, devido aos contínuos saltos no tempo e a uma estrutura mais temática que cronológica. Sem grande apuro estilístico, para lá do trabalho que escrever de maneira simples e directa exige, Tavares narra a sua história em tom de conversa, com frequentes interrupções e comentários, além de geralmente poupar nos detalhes. Num livro que se lê de um fôlego, a viagem chega a tornar-se demasiado rápida e acidentada, apesar do interesse documental de trechos como as descrições dos ambientes da infância e adolescência de Miguel ou o relato da experiência deste na Comissão de Extinção da PIDE/DGS. Abundam relatos de pequenas histórias, algumas delas bem divertidas, com as quais o escritor procura revelar a atmosfera de determinadas épocas ou apenas rir-se do passado.
No seu tom habitual onde a coragem por vezes se confunde com a arrogância, MST retrata sem filtros várias personagens, incluindo as da sua família, marcada pelo contraste entre os avós paternos, imersos na “paz salazarenta de uma vida em que nada acontecia e davam graças a Deus por isso” (p. 64) e a agitação permanente da casa dos pais de Miguel, opositores incansáveis do Estado Novo. Figuras nacionais são também descritas, entre elogios a Mário Soares e António Guterres, reparos ao misto de calculismo e espontaneidade das acções de Marcelo Rebelo de Sousa ou desprezo por figuras da extrema-esquerda do PREC, como a “majestade maoísta” de Arnaldo Matos (p. 92) ou os “Exibicionistas, demagogos e politicamente analfabetos” Mário Tomé e Dinis de Almeida (pp. 172-173). Guiado apenas pelas suas recordações, o portuense comete alguns lapsos factuais. Por exemplo, o Golpe da Sé, com a participação de Francisco de Sousa Tavares, ocorreu em 1959 e não em 1961 (p. 81), enquanto António Reis foi secretário de Estado e não ministro da Cultura (p. 93). Da mesma forma, o caso República teve origem na extrema-esquerda, sendo incorrecto considerá-lo “um dos maiores deslizes estratégicos do PCP” (p. 161), acusado por MST de ter tentado seguir em Portugal o guião da Revolução Russa.
A nível histórico, Cebola Crua… apresenta vários elementos valiosos, embora deva ser comparado com testemunhos provenientes de outras áreas políticas e profissionais. A nível literário, a obra expressa acima de tudo o olhar subjectivo de Miguel Sousa Tavares e traça um retrato do seu universo próprio, num estilo identificável em cada página. De acordo com o balanço feito pelo agora sexagenário, podemos concluir que, entre uma ou outra chatice, Miguel divertiu-se “como um doido” ao longo da vida. Como não o invejar?
A história do futebol em Portugal no século XX é a história de uma resistência inútil à transformação do futebol num produto capitalista. Na transição entre Oitocentos e Novecentos, o football deixou a pouco e pouco de constituir apenas uma distracção de sportmen eclécticos pertencentes às elites, numa altura em que portugueses de origens tão modestas como as dos alunos da Casa Pia de Lisboa se iniciavam nos pontapés na bola. A composição do público dos jogos também se alterou de uma maneira perceptível nas crónicas da imprensa, onde a lista das pessoas distintas presentes em cada desafio deu lugar a lamentos pela agressividade e falta de fair-play manifestadas pelos milhares de lisboetas e portuenses de vários escalões sociais em afluência crescente aos campos de jogo. Estes começaram a ser rodeados por vedações só ultrapassadas por quem pagava bilhete, contribuindo assim para financiar os clubes em ascensão. Por seu turno, os novos futebolistas, oriundos de meios populares, não dispunham dos rendimentos e tempo livre necessários para se dedicarem ao desporto sem qualquer compensação monetária.
A massificação e institucionalização do futebol concretizadas nos principais centros urbanos do país durante a década de 20 deram origem ao “profissionalismo encoberto”, através do qual os melhores futebolistas, todos oficialmente amadores, eram remunerados de forma oculta ou através de empregos obtidos pelos clubes para os seus atletas. De vez em quando, essa realidade vinha a público, devido a episódios como a rocambolesca digressão ao Brasil empreendida pelo Vitória de Setúbal em 1929, após a qual os valores pagos aos jogadores participantes foram conhecidos pela imprensa. Apesar da indignação dos defensores do amadorismo puro, os organismos associativos evitavam punir os clubes prevaricadores. Verificava-se, assim, uma situação ambígua que o Estado Novo, desconfiado do espectáculo desportivo, não clarificou até 1960, data da legalização do profissionalismo no futebol português, bastante tardia em comparação com o sucedido na maioria dos países europeus e sul-americanos. As regras vigentes dificultavam, no entanto, as transferências e mantinham reduzido o poder negocial dos futebolistas, bastante dependentes das entidades patronais, ou seja, dos dirigentes clubísticos. Entretanto, apertadas restrições proteccionistas, aliadas ao filão ultramarino, limitavam a contratação de jogadores estrangeiros, enquanto os portugueses a jogar fora do país eram muito raros.
O 25 de Abril permitiu a obtenção de uma regulação mais favorável à liberdade contratual dos jogadores lusos, mas também deu eco a uma nova onda de críticas ao futebol profissional, provindas de responsáveis governamentais com a tutela do desporto, tal como de jornalistas desportivos próximos do PCP ou da extrema-esquerda. As críticas visavam, entre outros aspectos, os gastos elevados com o futebol, a “clubite” e a “campeonite”, o reduzido incentivo dos grandes clubes à prática de desporto pela população, o comportamento de dirigentes oriundos dos meios empresariais (como João Rocha, presidente do Sporting), que estariam a servir-se das colectividades para obter promoção pessoal, a escassa participação dos sócios na gestão dos emblemas e a alienação dos adeptos, desviados pelo futebol da consciência dos problemas sociais e da luta para os resolver. Na futura sociedade socialista a criar em Portugal, o profissionalismo desportivo seria extinto, à imagem do que se passava então na Europa de Leste. A partir de 1976, porém, a estabilização da democracia e os primeiros governos constitucionais levariam ao recuo destas concepções, enquanto o desporto via garantida a capacidade de se auto-regular.
Nas décadas de 80 e 90, avançaram mudanças ao nível da generalização das transmissões televisivas, da exibição de publicidade nas camisolas das equipas, da diversificação das fontes de rendimento dos clubes, da liberalização do mercado de transferências, da subida dos rendimentos de atletas e treinadores e da transformação dos principais clubes em Sociedades Anónimas Desportivas. Por fim, o futebol nacional tornou-se uma “indústria” especializada na “exportação” de “activos” e integrada no processo de globalização, sendo apontado como um exemplo de sucesso raro na economia portuguesa, além de beneficiar de apoio político e publicidade contínua na comunicação social. Também no futebol, o triunfo do capitalismo liberal parecia irreversível.
O segredo do sucesso do negócio futebolístico encontra-se na constância da procura, dificilmente esgotável enquanto o desporto-rei fornecer aos adeptos/consumidores um sentimento identitário e emoções de vitória ausentes do resto do quotidiano. Contudo, no caso português, a sobrevivência da galinha dos ovos de ouro parece subitamente estar em risco, devido a factores decorrentes da própria lógica capitalista da modalidade. De facto, o sucesso desportivo tornou-se essencial à sobrevivência financeira das SAD, ameaçadas caso os títulos do futebol e as consequentes receitas não compensem o investimento feito. A disputa entre as três marcas dominantes (pouco competitivas a nível europeu) pelo domínio do mercado interno português é cada vez mais feroz, estimulando os dirigentes a recorrer à corrupção para facilitar a obtenção de uma posição privilegiada e o triunfo sobre a concorrência. Em torno dos trabalhadores do sector, surgiu um grupo de parasitas, beneficiários do sucesso resultante do esforço daqueles e por vezes dispostos a pressionar a mão-de-obra por meio de coacção ou violência. A qualidade do produto decaiu e os compradores mais exigentes começam a sentir que o sabor já não é aquele que os atraiu em crianças. Há mesmo quem fale em boicotes à mercadoria que antes era o orgulho do país. Apesar de tudo isto, os donos do negócio estão agarrados ao poder e julgam poder manter os seus privilégios por um período ilimitado, graças à docilidade e ingenuidade das massas. Chegou a hora da revolução?