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História do desporto no município de Odivelas: uma periodização

As origens (1920-1945): As características rurais mantidas pelo território do actual município de Odivelas na primeira metade do século XX contribuíram para que o aparecimento do desporto local registasse uma dinâmica inferior à dos pontos mais industrializados da periferia de Lisboa. Os primeiros clubes surgidos no espaço em questão mantiveram actividades irregulares, limitadas pela falta de meios e com um escasso registo documental enquanto dois estabelecimentos de ensino singulares, o Instituto de Odivelas e a Escola Agrícola da Paiã, incentivavam a prática desportiva dos seus estudantes e proporcionavam-lhes infra-estruturas raras na área envolvente dos internatos. Entretanto, numa fase de popularização do ciclismo durante a qual o concelho de Loures era frequentemente percorrido por corridas velocipédicas, alguns ciclistas odivelenses, como João Francisco e José Ferreira, obtiveram projecção nacional.

 

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O desporto num território em transformação (1945-1974): A fundação definitiva do Odivelas Futebol Clube e a construção por este de um campo reservado à prática do futebol, juntamente com a participação do Odivelas FC e do CD Caneças nas competições distritais da AFL a partir da época de 1953/54, deram ao desporto odivelense a estabilidade que lhe faltava, mas o contexto social que rodeava os clubes sofreu profundas alterações nas décadas de 50 e 60. O fluxo demográfico com destino à capital e o fenómeno da suburbanização levaram a um crescimento populacional súbito na antiga zona saloia acompanhado pela expansão descoordenada de conjuntos habitacionais cuja precariedade foi denunciada pelas cheias de 1967. Surpreendidas pela rapidez da mudança, as autarquias falhavam na criação de equipamentos colectivos, incluindo os de âmbito desportivo. Mesmo assim, e apesar do número relativamente reduzido de clubes federados então existentes nas freguesias de Caneças, Odivelas e Póvoa de Santo Adrião, grupos de jovens formavam equipas para competir nos torneios do chamado “futebol popular”, enquanto experiências como os Jogos Juvenis da Pontinha promoviam a actividade física junto das crianças.

 

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A expansão do associativismo (1974-1998): Após o 25 de Abril, o incremento da participação cívica, o fim das restrições ao direito de associação e os estímulos dos poderes local e central à democratização da prática desportiva originaram um aumento significativo do número de clubes portugueses. Na área geográfica aqui em análise, o crescimento da rede associativa tornou-a mais adequada à nova densidade populacional e permitiu uma diversificação das modalidades praticadas com o desenvolvimento de iniciativas ligadas a desportos como o andebol, o atletismo, o basquetebol ou o hóquei em patins. Contudo, os dirigentes das colectividades queixavam-se de obstáculos ao funcionamento destas, entre eles a escassez de espaços disponíveis para treinos e jogos, os insuficientes apoios autárquicos ou o desinteresse da maioria dos odivelenses pela vida dos clubes locais. A construção de equipamentos como o Estádio Arnaldo Dias ou as piscinas municipais de Odivelas não travou a ambição de um maior destaque, ao nível quer dos resultados quer do número de praticantes, da actividade desportiva no território que se separaria em 1998 do município de Loures.

 

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Dos grandes eventos à prática informal (1998-2020): Os autarcas do Partido Socialista que geriram a Câmara de Odivelas desde a criação do município seguiram uma política desportiva marcada pelo objectivo de construir instalações aptas a acolher provas nacionais e internacionais de diferentes modalidades cuja organização reforçaria o prestígio do concelho, sublinhando uma identidade própria distinta do estigma do subúrbio lisboeta. Os novos equipamentos municipais visaram também incentivar a prática informal, num período em que o exercício físico em especialidades como a natação, a ginástica ou o atletismo passou a realizar-se crescentemente sem enquadramento clubístico. A rede de colectividades não deixou, no entanto, de se expandir, embora a um ritmo mais lento, em ligação com as novas zonas urbanas (Jardim da Amoreira, Colinas do Cruzeiro, etc.) e com o polémico desaparecimento do Odivelas FC a deixar um vazio por preencher. O estatuto de Cidade Europeia do Desporto assumido por Odivelas em 2020 visou assinalar os avanços registados nas décadas anteriores, mas a pandemia de covid-19 veio prejudicar a iniciativa e suspender temporariamente grande parte da actividade desportiva concelhia.

 

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