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Firmes como a ACO

Objetivos da Associação de Cronistas de Odivelas (ACO):

 

1. Possibilitar o encontro e troca de ideias entre escritores de não-ficção naturais ou residentes no território do município de Odivelas.

2. Criar um espaço digital, localizado ou não numa rede social, onde se encontrem sempre disponíveis em livre acesso os textos dos associados da ACO.

3. Promover o debate acerca da realidade do concelho de Odivelas sem limitar a discussão a questões locais.

4. Contribuir para atenuar o vazio mediático existente no município, sempre deixando o jornalismo para os jornalistas profissionais.

5. Investigar e divulgar a escrita de artigos de opinião por figuras odivelenses ao longo dos séculos XX e XXI.

6. Gravar na Casa da Juventude ou noutro estúdio o podcast Colunas do Cruzeiro, composto por entrevistas a membros da ACO que reforcem a divulgação do trabalho destes.

7. Distinguir com o estatuto de Sócio Honorário colaboradores da imprensa ligados ao concelho, como Jorge Leitão Ramos ou Ricardo Paes Mamede.

 

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(Fonte da imagem: João Lima)

 

8. Lançar, em parceria com autarquias ou estabelecimentos de ensino do município, o Prémio Nuno de Noronha, destinado a jovens revelações na escrita de crónicas.

9. Editar pequenos livros ou brochuras contendo alguns dos melhores textos escritos pelos associados.

10. Estimular o debate político entre as diferentes forças partidárias representadas nos órgãos autárquicos, particularmente fora dos períodos eleitorais.

11. Apoiar a divulgação cultural através da publicação de artigos escritos por odivelenses sobre música, cinema, literatura, banda desenhada e outras artes.

12. Procurar garantir o financiamento da ACO, além das quotas pagas pelos associados, através de apoios de entidades públicas ou privadas.

13. Partir da memória do anterior dono da sigla ACO, o Atlético Clube de Odivelas, para estudar a história da atividade desportiva no concelho, apelando à partilha de memórias pelos leitores do espaço digital da associação.

14. Permitir a colaboração de cronistas de extrema-direita e depois impedir que eles tomem conta da ACO.

15. Transitar da minha imaginação para a realidade.

 

Eça de A a Z

Artur Corvelo: O protagonista de A Capital parte para Lisboa em busca da glória literária, mas apenas soma desilusões. Trata-se de uma personagem comovente pela sua ingenuidade e pela contínua busca do afeto que praticamente nunca recebe.

Branco, Camilo Castelo: Num artigo escrito por volta de 1997 para a revista 20 Anos, José Eduardo Agualusa afirmou que é como gostar de cães ou de gatos: quem admira Eça de Queiroz não costuma apreciar Camilo. De facto, sempre fui mais da claque de Eça, criador de personagens de carne e osso e não de Simões ou Teresas. Porém, no ano do bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco, talvez seja altura de redescobrir o autor famalicense de adoção, capaz de fazer coisas incríveis com a língua portuguesa.

Comer: Poucos autores dão tanta atenção como Eça ao prazer da boa comida e bebida, com refeições épicas narradas em sucessivas obras. Por exemplo, o Jacinto de A Cidade e as Serras começa a apaixonar-se por Portugal ao experimentar o vinho e a culinária da sua pátria.

Dâmaso Salcede: Foi António Sérgio a reparar em 1940 que, enquanto poucas pessoas conhecem alguém semelhante ao conselheiro Acácio, o perfil de Dâmaso, com a sua bazófia, cobardia, ignorância, pose de garanhão e ambição de ser “um ruminante farto e feliz”, ajusta-se a muitos homens portugueses.

Exagero: Estudiosos do século XIX português como Rui Ramos e Maria Filomena Mónica têm apelado à prudência de não tomar por um retrato fiel a caricatura do Portugal do seu tempo feita por Eça, injusta em aspetos como a baixa qualidade dos políticos ou a suposta estagnação do país, envolvido numa fase de dinamismo sob o governo de Fontes Pereira de Melo. A mesma cautela desaconselha a habitual avaliação das criaturas queirosianas como portugueses intemporais e possíveis de encontrar ao virar da esquina. Contudo, elas surgem tão naturais e verosímeis nos livros que a tentação é quase irresistível.

Futebol: Uma personagem de Os Maias menciona que o desporto surgido em Inglaterra ainda não existe no Portugal de 1876.

“Gente nasceu, gente morreu”: Existirá um melhor resumo da passagem do tempo que esta frase do último capítulo de Os Maias?

Humor: Quando Eça pretende ser engraçado, é engraçado a sério, quer nas crónicas quer nos romances.

Ilustre Casa de Ramires, A: Não há nada de inepto neste romance, seja a política local, o livro dentro do livro ou o paralelismo entre Gonçalo Ramires e Portugal, mas a obra não costuma provocar grande entusiasmo nos leitores atuais.

José Matias: Personagem que dá nome àquele que é talvez o conto mais interessante de Eça, cujo protagonista mostra uma incapacidade desconcertante de fazer o amor evoluir do sentimento para a prática.

Korriscosso: Poeta grego a trabalhar como empregado de mesa em Londres, retratado no conto “Um Poeta Lírico”.

Lisboa: Apesar das incursões de Eça por outras regiões portuguesas ou pela distante Pequim, esta é a cidade que o escritor poveiro melhor descreve, traçando um autêntico roteiro da capital do então reino na segunda metade de Oitocentos.

Maias, Os: O melhor romance da história da literatura portuguesa.

 

 

Negro: Cor das sotainas vestidas pelos padres católicos que Eça tão bem desenha como um grupo de hipócritas e interesseiros, sustentados pelo Estado monárquico ou pela titi Patrocínio e por outras beatas. No entanto, paradoxalmente ou talvez não, figuras como o abade Ferrão (O Crime do Padre Amaro) ou o padre Soeiro (A Ilustre Casa de Ramires) dão a entender que a Igreja poderia ser diferente e um conto queirosiano termina com Jesus a dizer “Aqui estou” no lugar onde era menos esperado.

Odivelas: A povoação saloia é referida por Carlos da Maia num jantar com Maria Eduarda em que evoca as aventuras amorosas de D. João V “na cela da madre Paula”.

Pais: Quem precisa deles? Segundo Eça de Queiroz, ninguém.

Queirosiana: Henrique Raposo costuma queixar-se de que Eça instituiu a narrativa, repetida ao longo das gerações pelos seus seguidores dentro das “elites” letradas (como Vasco Pulido Valente), da “choldra”, ou seja, de um Portugal sempre atrasado e decadente onde nada funciona. Na verdade, os portugueses que se dedicavam a essa generalização negativa sem nada fazerem para melhorar o país foram um alvo da pena do diplomata. A crítica queirosiana é dura, mas nunca cai no cinismo ou no desespero.

República: Apesar das farpas lançadas por Eça ao rotativismo e à monarquia constitucional, não é claro que tipo de sistema político o escritor gostaria de ver implantado no seu país. O romancista diverte-se, todavia, a satirizar o idealismo dos românticos defensores de uma vaga “democracia” da qual resultaria o fim de todos os males.

Sebastião: Amigo de Jorge e Luísa em O Primo Basílio, destaca-se na galeria queirosiana simplesmente por ser um homem decente no meio de imensos sujeitos ridículos ou desprezíveis.

Tragédia da Rua das Flores, A: Um romance inacabado, publicado apenas em 1980, que serve sobretudo para observar o desenvolvimento de várias ideias mais tarde usadas em obras como Os Maias e A Capital.

Universidade de Coimbra: Alma mater de Eça de Queiroz, recordada pelo escritor sem saudades.

Virgínia Sarmento Amado Abranhos: A esposa de Alípio Abranhos ganhou, curiosamente, maior espessura psicológica ao ser interpretada por Sofia Alves na série da RTP escrita por Francisco Moita Flores a partir do livro póstumo de Eça O Conde de Abranhos.

Xutos & Pontapés: Banda autora da canção “Toca e Foge”, que inclui o verso “Alguém que amaste sem saber o nome”, uma referência ao romance A Capital e à paixão de Artur Corvelo por uma misteriosa senhora vestida de xadrez.

Zagalo: Narrador de uma biografia do seu antigo patrão onde qualquer frase elogiosa causa uma impressão oposta à pretendida. O legado de Z. Zagalo foi retomado em 2015 por Sofia Aureliano em Somos o que Escolhemos Ser, um livro sobre Pedro Passos Coelho.