O interruptor-mor
1. João Adelino Faria era um rapaz encantador, mas viveu eventos traumáticos na sua infância. Houve um dia em que ouviu alguém falar sem parar durante mais de 90 segundos, outra ocasião em que uma pessoa se queixou do calor que estava em vez de, como João Adelino queria, discutir quais foram os Papas mais influentes do século XI, e ainda outro episódio em que um adulto deu a entender que preferia continuar a falar ao invés de ouvir a voz melodiosa do jovem João. Profundamente marcado por estes eventos, o pérfido Faria abraçou o sonho do jornalismo e a nobre missão de ouvir as pessoas. Mas só um bocadinho, para depois poder interrompê-las.
2. Cedo o repulsivo João Adelino Faria se afastou da religião, por sentir que ela não lhe dava as respostas que procurava.
— Pai Nosso que estais no Céu…
— Mas, senhor padre, quando Deus não está no Céu, onde é que está?
— Santificado seja o Vosso nome...
— Sim, mas o que as pessoas querem saber é se o senhor padre gosta mais de cortar as unhas das mãos ou dos pés.
— Venha a nós o Vosso Reino…
— Pois, mas concorda com o provérbio “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”?
— Seja feita a Vossa vontade...
— Certo, mas não acha que arroz de pato é melhor que bacalhau com grão?
— Senhor, dai-me paciência...
3. Se João Adelino Faria fosse uma mulher, nunca seria mãe, porque interromperia a gravidez.
4. Certo dia, o perverso João Adelino Faria teve uma entrevista de emprego com o diretor de informação da RTP.
— Sabe, João, as entrevistas e os programas de debate estão a ficar muito palavrosos. Essa escumalha dos convidados pensa que temos todo o tempo do mundo para ouvi-los. Precisamos de os meter na ordem…
— Mas pretende exatamente o quê?
— Já lá chego. Queremos um jornalista que…
— Espere. Que soluções há para esse problema?
— Vou-lhe dizer agora, andamos à procura de…
— Ainda não respondeu à minha pergunta.
— Está contratado.
5. Quando o vil e despótico João Adelino Faria modera um debate entre dois candidatos, os comentadores são unânimes na escolha do vencedor: João Adelino Faria, a pessoa que falou durante mais tempo no debate.
(Fonte da imagem: João Adelino Faria)
6. É doloroso assistir quando uma vítima ingénua cai na teia do demoníaco João Adelino Faria.
— Boa noite. O seu partido ainda não apresentou nenhuma proposta para aumentar a produção de azeitonas britadas. Como justifica isto?
— Boa noite. Em primeiro lugar, as azeitonas são atualmente…
— Portanto, não tem ideias para aumentar a produção.
— Um momento. A azeitona britada sofreu uma desvalorização…
— E por isso acha que a solução é abandonar essas azeitonas?
— Pode dar-me só um minuto para explicar?
— Quem faz as perguntas aqui sou eu.
— Eu suplico-lhe…
— O nosso tempo acabou. Obrigado por ter vindo à RTP.
7. Ver um episódio de O Outro Lado que não é moderado por João Adelino Faria (esse verme rastejante) faz-nos compreender que poderíamos viver num mundo melhor e harmonioso, onde todos se exprimissem livremente. Mas depois aparecem os Putins, os Trumps, os Farias e outros que só se sentem bem a oprimir as outras pessoas.
8. Claro que o ambiente em que João Adelino Faria vive contribui para estimular a personalidade repugnante desse homem horroroso. Se João fosse incumbido de moderar o Eixo do Mal e tentasse interromper Clara Ferreira Alves, levaria um tabefe. Se insistisse, levaria dois.
9. A RTP 3 implementa medidas de segurança rigorosas no estúdio de O Outro Lado para evitar que Ana Drago, Paulo Pedroso ou João Taborda da Gama cometam uma loucura ao serem interrompidos por João Adelino Faria pela 243.ª vez. Assim, os três comentadores são revistados minuciosamente e passam por um detetor de metais antes de se sentarem à mesa com o monstro. Mesmo assim, os três sonham com o dia da vingança e tentam dissimular armas para surpreender a criatura hedionda, sem sucesso até agora. A vigilância e apreensão de armamento na RTP têm permitido ao Estado português acumular um vasto arsenal de adagas, punhais, espadas, bazucas, granadas, canivetes, cimitarras, revólveres, espingardas, metralhadoras, lança-chamas e muito mais material bélico, que é enviado em segredo pelo Governo para a Ucrânia e aí utilizado contra as tropas russas. Deve-se, portanto, a João Adelino Faria a condecoração recentemente atribuída por Zelensky a João Gomes Cravinho.
10. Na verdade, a morte não seria suficiente para travar João Adelino Faria, que certamente apareceria como fantasma para interromper o sono de todos os portugueses.