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Personalidades odivelenses (2)

Afonso, D. Maria (1302?-1320). Filha bastarda de D. Dinis, viveu no mosteiro fundado pelo pai em Odivelas (ignora-se se chegou a tornar-se freira), onde mandou construir um altar em honra de Deus e Santo André, faleceu precocemente e foi sepultada. Os numerosos mistérios que envolvem a vida e morte de D. Maria Afonso inspiraram Patrícia Müller na escrita do romance e da série televisiva A Rainha e a Bastarda.

 

Brás, Manuel Duarte (1932-1993). Trabalhou como pastor e talhante e ganhou vários prémios pela sua inspiração de poeta popular. A poesia de Brás foi reunida no livro Janelas Abertas (1990), marcado por memórias do passado de Odivelas, cidade que homenageou o autor dando o seu nome a uma rua da Arroja.

 

Manuel Duarte Brás.webp

 

Bravo, António Maria (1817-1880). Nasceu no Barreiro, filho de um empresário dos transportes marítimos com o mesmo nome que comprou em 1849 a chamada Quinta do Espanhol, em Odivelas, onde o palacete situado na futura Rua Alexandre Braga servia de casa de férias para a família Bravo. Herdeiro da propriedade após a morte do pai, António Maria Bravo criou a primeira escola primária na aldeia e participou em 1863 na fundação da Sociedade Musical Odivelense, cujos instrumentos pagou. Apesar dos Bravo terem vendido a quinta depois de 1880, o nome de António Maria ficaria eternizado na biblioteca da SMO e numa das ruas mais antigas de Odivelas.

 

Coelho, Jorge (1977-). Morador na Codivel, estudou Artes Gráficas e Comunicação na Escola Artística António Arroio (Lisboa). É ilustrador e autor de BD, com trabalhos publicados em editoras americanas como a Marvel, a Image Comics, a Boom Studios ou a Clover Press. Como desenhador do álbum O Grande Gatsby, ganhou o prémio para Melhor Banda Desenhada de Autor Português no festival Amadora BD de 2024.

 

Duarte, Nuno (1974-). Depois de passar a infância e adolescência em Odivelas, Nuno Ricardo Rodrigues Duarte teve vários empregos até se afirmar como músico e humorista, sob o nome artístico Jel ou Tio Jel. Com o irmão, Vasco Duarte, formou o grupo Homens da Luta, vencedor do Festival RTP da Canção de 2011. Participou em programas de televisão como A Revolta dos Pastéis de Nata, Vai Tudo Abaixo, Como Isto Anda ou Bairro do Humor. Atuou em 2023 nas Festas da Cidade de Odivelas.

 

Jorge, Torcato (1891-1972). Também conhecido por Torquato Jorge, era proprietário de moinhos. Abriu em Odivelas uma grande loja, dedicada à venda de diversas mercadorias e situada num edifício em frente da atual Biblioteca Municipal D. Dinis. Casou por três vezes e foi um dos primeiros odivelenses a possuir um telefone em sua casa.

 

Kutchy (2002-). Edmilson Camala Sá ("Kutchy") cresceu no bairro da Arroja, tendo começado a jogar futsal na Associação da Arroja antes de prosseguir nos escalões de formação de Sporting e Benfica. Jogador da equipa sénior das "águias" desde 2023, integrou a seleção portuguesa que disputou o Mundial de futsal de 2024.

 

Lopes, Augusto Abreu (1894-1981). Licenciou-se em 1917 na Escola de Medicina Veterinária, estabelecimento do qual seria secretário-geral e diretor. Criador de animais em cujo corpo recolhia material para vacinas contra o tétano, Abreu Lopes comprou várias propriedades agrícolas, entre elas a Quinta da Ponte, no Olival Basto, e a Quinta de Nossa Senhora do Monte Carmo, em Odivelas. Parte dos terrenos desta última, conhecida por “Quinta do Mendes”, foi cedida pelo novo dono à Câmara de Loures para urbanização, sendo o nome do veterinário atribuído à avenida então surgida.

 

Mateus, Fernanda (1959-). A operária têxtil Maria Fernanda Santos Cardoso Mateus ingressou em 1976 no PCP, do qual se tornou funcionária em 1979. Faz parte da Comissão Política do Comité Central do partido desde 1996. Candidatou-se em 1993 à presidência da Junta de Freguesia de Odivelas, encabeçando vinte anos mais tarde a lista da CDU à Câmara odivelense.

 

Ribeiro, Henrique (1958-). Ator amador e operário químico, o pontinhense Henrique Manuel Couto Ribeiro integrou listas do PCTP/MRPP às eleições legislativas de 1980 e às autárquicas intercalares de 1981. Seguiu a carreira de jornalista, escrevendo para periódicos como Jornal da Pontinha, Gira Loures, Vento Novo, Nova Odivelas, Odivelas Notícias e Diário de Odivelas, vários dos quais dirigidos por Ribeiro.

 

Santos, João Viegas dos (1941-). Natural de Santiago (Tavira), aderiu ao PCP, tendo estado detido por motivos políticos entre junho de 1967 e dezembro de 1968. Vivia numa cave da Rua Serpa Pinto, em Odivelas, quando na manhã de 22 de junho de 1971 agentes da PIDE/DGS bateram à porta da sua casa. Viegas conseguiu fugir para a rua, onde foi perseguido por dois “pides” armados enquanto descia para a Avenida Augusto Abreu Lopes. Aos gritos, os agentes identificaram-no como um ladrão, obtendo assim a colaboração na sua captura por parte das pessoas que esperavam o autocarro na entrada da futura cidade. O PCP faria em seguida várias pichagens para repor a verdade e exigir a libertação de Viegas. Depois de uma condenação a 5 anos de prisão, João Viegas seria libertado do Forte de Peniche graças ao 25 de Abril. Regressou a Odivelas, onde seria professor na escola secundária entre 1983 e 2003.

 

Santos, Maria Gomes da Silva (1907-1986). Viveu a partir de 1913 em Odivelas, onde casou em 1927 com Marcelino Francisco dos Santos. Escreveu, encenou e interpretou numerosos espetáculos na Sociedade Musical Odivelense. Enfermeira de profissão, prestou forte apoio à população local, que a conhecia por "anjo branco" ou "menina Maria". Entre 1946 e 1967, residiu com a família em Moçambique e aí prosseguiu o trabalho social, reconhecido pela Cruz Vermelha com uma Medalha de Agradecimento. Regressou depois a Odivelas, onde o seu nome fora atribuído à rua da sede da SMO.

 

Maria Silva Santos.JPG

 

Vintém, António Bento (1945-2013). Natural de Coruche, foi preso pela PIDE em 1967, passando 19 meses na cadeia de Caxias. Depois de ser libertado, viveu em Itália, onde se iniciou na atividade editorial. Ao regressar a Portugal em 1974, fixou-se na Póvoa de Santo Adrião e aí criou a livraria Outubro e o jornal de extrema-esquerda O Proletário Vermelho (1974-1977). No início da década de 1980, fundou a editora e distribuidora Europress, ainda hoje ativa.

 

P.S. Uma fonte fundamental para a elaboração de várias destas notas biográficas foi o livro de Manuela Ferreira Toponímia da Freguesia de Odivelas (Edições Pedago/Junta de Freguesia de Odivelas, 2005). Como a própria obra previa, ela já se encontra desatualizada em resultado do crescimento da cidade e da criação de novos arruamentos nos últimos 20 anos. A Junta de Odivelas faria bem em promover uma reedição do livro ou, em alternativa, criar um espaço online com informação disponível sobre as pessoas homenageadas nas placas toponímicas, perfeitos desconhecidos para boa parte da população da freguesia.