Personalidades odivelenses (4)
Alexandrino, Pedro (1729-1810). O lisboeta Pedro Alexandrino de Carvalho passou muito tempo na sua Quinta do Pintor, perto da Póvoa de Santo Adrião. Orientou outros pintores na chamada Academia do Nu, em Lisboa, e foi um dos artistas portugueses mais prolíficos do século XVIII. Com numerosas encomendas de ordens religiosas, o “pintor dos frades” produziu obras para igrejas como as de Odivelas e Póvoa de Santo Adrião, necessitadas de renovação após os danos causados pelo terramoto de 1755. O nome de Pedro Alexandrino encontra-se numa rua e na escola secundária da Póvoa.
Carvalho, Joaquim (1937-2022). Natural do Barreiro, Joaquim da Silva Carvalho trabalhou na indústria corticeira antes de se tornar futebolista profissional, na posição de guarda-redes. Estreou-se como sénior no Luso e transferiu-se em 1958 para o Sporting, representando os "leões" durante 12 anos e ganhando uma Taça das Taças e três campeonatos nacionais, além de vestir a camisola da seleção portuguesa por seis vezes. A partir da década de 60, viveu em Odivelas, onde abriu a papelaria Lina e foi treinador de guarda-redes do Odivelas FC.
Castro, Francisco (1915-?). Estafeta de profissão, começou a praticar ciclismo aos 18 anos, numa bicicleta comprada com o dinheiro ganho a vender jornais. O ciclista odivelense representou as equipas do Lisboa Ginásio Clube, Benfica, Desportivo da CUF e Lisgás e venceu provas como o Circuito de Moscavide (1940) e a Rampa do Vale de Santo António (Lisboa) de 1942, ano em que atingiu a segunda posição no campeonato nacional de fundo, antes de deixar de competir em 1944.
Dinis, D. (1261-1325). O sexto rei de Portugal escolheu uma propriedade sua em Odivelas como a localização de um mosteiro feminino cisterciense, fundado por carta de 27 de fevereiro de 1295 e consagrado a S. Dinis e S. Bernardo. D. Dinis protegeu a nova instituição monacal, doando-lhe vários bens e isentando-a das normas que limitavam a expansão do património das ordens religiosas. Num testamento escrito em 1322, o Lavrador registou a sua vontade de ser sepultado num túmulo edificado no mosteiro de Odivelas, tal como aconteceria três anos depois. O nome de D. Dinis marca hoje o quotidiano dos odivelenses pela sua presença na toponímia, em edifícios públicos ou em estabelecimentos comerciais.
(Fonte da imagem: Nuno Gaudêncio)
Essugo, Dário (2005-). O futebolista Dário Cassia Luís Essugo, filho de imigrantes angolanos estabelecidos no concelho de Odivelas, iniciou a sua formação nos infantis da UDR Santa Maria, chamando a atenção de Benfica e Sporting. Depois de optar pelos "leões", o médio conheceu uma rápida ascensão nos escalões jovens e, com apenas 16 anos, estreou-se em 2021 na equipa sénior orientada por Ruben Amorim. Seria emprestado pelo SCP ao Chaves e ao Las Palmas antes do anúncio da futura transferência de Essugo para o Chelsea na temporada de 2025/2026.
Ferreira, António (1651?-1671). Na noite de 10 de maio de 1671, este trabalhador rural de Odivelas entrou na igreja matriz da localidade e roubou os vasos sagrados e outros objetos do culto, numa profanação que causou choque em todo o reino. Preso a 16 de outubro desse ano quando furtava galinhas no mosteiro odivelense, foi descoberto na posse de peças oriundas da igreja, confessando a autoria do roubo de 10 de maio. Apesar dos interrogatórios a que o jovem foi submetido pela Inquisição revelarem que agira embriagado e sem consciência da gravidade do crime, António Ferreira seria executado em Lisboa a 23 de novembro desse ano, num auto-de-fé que encerra a história contada nos azulejos do monumento setecentista ao Senhor Roubado.
França, Licínio (1953-2021). Originário da Pontinha, o ator e músico Licínio Conceição de Miranda França gravou vários discos a partir de 1975 e lançou diversos projetos musicais, como um duo formado na década de 1980 com Noémia Costa, então sua mulher. Colaborou na organização do Festival da Canção Infantil da Pontinha em 1982 e 1983. França trabalhou como ator no teatro musical e de revista, bem como em numerosas produções televisivas. Os seus últimos anos de vida foram marcados pela pobreza e pela doença de Alzheimer, falecendo quando vivia num lar em Caneças.
Gomes, Diogo José (1913-1931). Depois de estudar no seminário de Santarém, Diogo José Gomes Júnior trabalhou numa loja. Adepto do Sporting, jogou futebol como defesa direito na equipa do Odivelas Football Club, surgida em 1930. O jovem Diogo ficou gravemente doente no Outono de 1931 e faleceu em Odivelas a 8 de dezembro desse ano, com centenas de pessoas a comparecerem no seu funeral. Duas décadas mais tarde, o campo de futebol construído por outro Odivelas FC (criado em 1945) seria batizado com o nome do malogrado Diogo José Gomes.
Martins, Jorge (1953-). O professor de História Jorge Carvalho Martins ensinou no ISCE e na escola secundária da Pontinha, que por sugestão sua adotou em 1995 o nome de Escola Secundária Braamcamp Freire. Doutorado em História Contemporânea, Martins investiga temas como a história local de Odivelas, a presença judaica em Portugal ou a ação repressiva da Inquisição. É autor dos livros O Sacrilégio de Odivelas, Subsídios para a História da Pontinha, Portugal e os Judeus e Breve História dos Judeus em Portugal, entre outros.
Passos, Manuel do Cabo (1878-1956). Industrial odivelense, aderiu ao Partido Republicano Português, integrando as comissões do PRP no município de Loures e em Odivelas, a cuja junta de paróquia presidiu depois do derrube da monarquia. Foi eleito vereador da Câmara lourense em 1913, ano em que lançou um abaixo-assinado contra a criação de uma fábrica de adubos no Lumiar.
Passos, Olga (1915-1982). Filha de Manuel do Cabo Passos e Mariana da Conceição Neves, Olga Passos estudou no Instituto de Odivelas e seguiu a carreira de professora primária. Ensinou em várias escolas do distrito de Lisboa, vindo a tornar-se diretora da Escola Primária n.º 2 de Odivelas (a atual EB António Maria Bravo), então reservada a raparigas. Discursou na festa de inauguração do Campo Diogo José Gomes, em novembro de 1952.
Os Plutónicos. Banda rock formada cerca de 1965 por jovens da Pontinha, entre eles o vocalista Gino Garrido, acompanhado por músicos como Vítor Capela, António Fernando Silva ou José Carlos Pimentel. Gravaram em 1967 o seu único disco, o EP Good Bye, My Love, com quatro temas originais. Os Plutónicos atuaram em numerosos bailes e em várias salas de Lisboa e arredores, além de participarem num programa da RTP. Apesar de algumas mudanças na formação causadas pelo serviço militar, mantiveram-se em atividade pelo menos até 1969, com o também pontinhense António José como agente artístico.
Simas, Frederico Ferreira (1872-1945). Durante a I República, o oficial de artilharia Frederico António Ferreira de Simas, coronel a partir de 1922, foi senador, adido militar em Londres e ministro da Instrução Pública (1914-1915 e 1915-1916) e do Comércio e Comunicações (1925). Professor e membro de vários organismos ligados ao ensino, Simas exerceu entre 1919 e 1941 as funções de diretor do Instituto Feminino de Educação e Trabalho, em Odivelas. Desenvolveu várias inovações pedagógicas no Instituto, cujo ensino infantil e primário abriu às crianças odivelenses.
Varges, Manuel (1943-). Natural de Almendra (Vila Nova de Foz Côa), Manuel Porfírio Varges veio para Lisboa ainda adolescente e tirou o curso de Finanças como trabalhador-estudante, tornando-se quadro superior da Rádio Marconi. Após o 25 de Abril, aderiu ao PS, pelo qual seria vereador na Câmara de Loures e deputado à Assembleia da República, onde participou na criação do concelho de Odivelas. Varges assumiu em janeiro de 1999 a liderança da comissão instaladora do município e, após vencer as eleições autárquicas de 2001, foi o primeiro presidente da Câmara de Odivelas, cargo que exerceu durante apenas um mandato.